sexta-feira, 24 de abril de 2015
AS DAMAS DA ABOLIÇÃO CEARENSE.
Não
poderia deixar de destacar o papel das mulheres cearenses, que registrarão seus
nomes através de atos heroicos em defesa dos seus ideais de amor e liberdade. Uma das primeiras a registra seu nome na
história do Ceará, foi Maria Tomásia Filgueiras, considerada como a dama da
abolição cearense. A ideia de criar-se uma Sociedade das Senhoras
Abolicionistas para incorporar a campanha, crescia a cada momento. Os encantos
e o espirito das mães, esposas e filhas dos guerreiros da liberdade fazia-se
necessário.
Reunidas
na chácara de José do Amaral, localizado no Benfica, presidido por Antonio
Bezerra de Meneses, 2ª secretaria da Sociedade Cearense Libertadora, era
fundada em 18 de dezembro de 1882, a Sociedade Abolicionista das Senhoras
Libertadoras. Um novo exército surgia da grandeza e da fascinação das mulheres
cearenses. Um personagem ilustre fazia-se
presente, era José do Patrocínio, “o Tigre da Abolição”, que visitava a
Província do Ceará a convite da Sociedade Cearense Libertadora. Em seu discurso
Patrocínio exaltava, “ É preciso fazer da
fraqueza da mulher o mais forte de todos os poderes, a evangelização pelo
encanto, a libertação pela magia de sua graça, viva a mulher cearense”.
Foi
eleita a diretoria da Sociedade das Senhoras Libertadoras Cearenses, composta
exclusivamente por mulheres. Presidenta:
Maria Tomásia Filgueiras de Lima. 1ºPresidenta:
Carolina Cordeiro. 2ºPresidenta:
Luduvina Borges. 1ºSecretaria:
Jacinta Augusta Souto. 2ºSecretaria:
Elvira Pinho. Tesoureira: Eugênia
Amaral. Diretoras: Virginia Salgado,
maria farias de Oliveira, Joana Antônia Bezerra de Meneses, (Noca Bezerra),
Isabel Rabelo, Francisca Rangel Bezerra, Luiza Torres de Albuquerque, Francisca
Borges da Cunha, Isabel Vieira Teófilo, Jovina Jataí, Banca Rolim, Francisca
Nunes da Cruz, Francisca Joaquina do Nascimento, Jesuína de Paula, Maria de
Assunção dos Santos, Maria Teófilo Martins, Stefânia Nunes, Marieta Pio, Nerina
Martins. No final Da reunião foram dadas seis cartas de alforria de escravos,
marcando definitivamente a presença da mulher na trajetória abolicionista
cearenses. Podemos definir como o primeiro movimento feminista cearense.
O
jornal O Libertador, trazia no seu editorial o seguinte comentário: “ Vós, Exmas. Senhoras Libertadoras, viestes
completar, apressar o dia da nossa vitória. A alferena, auriverde da liberdade,
por vossas mães desfraldadas aos ventos do céu, é um novo incentivo ao esforço
e heroísmo, um talismã de graça e humildade. ” Maria Tomásia nascera em
Sobral, descendente das tradicionais famílias Figueira de Melo e Viriato de
Madeiro, casada com o Abolicionista Francisco de Paula. Era uma mulher
extraordinária, intrépida e incansável. Sua participação no movimento
abolicionista foi muito importante. Mulher dinâmica foi a alma da campanha
feminista deste feito que enobreceu o Ceará como a primeira província a
libertar seus escravos quatros anos antes da abolição definitiva.
A
posse da Sociedade das Senhoras Libertadoras aconteceu em 8 de janeiro de 1883,
no Clube Cearense. Com a presença de grandes personalidades políticas e
intelectuais, destacamos General Tibúrcio, José do Patrocínio, Almino Afonso
entre outros. São entregues várias cartas de liberdades por Antonio Bezerra de
Meneses e José Marrocos. Mas adesão acontecem simultaneamente de todos os
presentes a esta solenidade. Antonio Bezerra estrela de primeira grandeza no
abolicionismo cearense, anuncia que 83 cartas de alforrias foram recebidas para
a libertação de vítimas do cativeiro humano.
Não
podemos esquecer o papel que outras mulheres cearenses tiveram na nossa
história destacamos: Bárbara Pereira de
Alencar, a primeira mulher revolucionária e republicana do Brasil, que comandou
a revolução pernambucana de 1817, em favor da independência e República do
Brasil, Era
mãe de Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, Padre Carlos dos Santos e José
Martiniano de Alencar, todos revolucionários. Foi reconhecida como primeira
heroína nacional.
Antônia Alves Feitosa (Jovita Feitosa) nasceu
em 08 de março de 1848, em Tauá (CE), mas foi no Piauí que a jovem gravou seu
nome na história. Cortou os cabelos, disfarçou os seios colocou um
chapéu de vaqueiro e roupas masculinas para se alistar como voluntária do
exército brasileiro na Guerra do Paraguai. O gesto de Jovita teve
grande repercussão nacional e foi alvo de manifestações populares. Destacamos: Branca
Lopes Alcântara Bilhar, primeira pianista de referência nacional. Henriqueta
Galeno, Raquel de Queiroz, Dolor Barreira. Florinda Bulção, entre outras bravas
mulheres que engradeceram nossa galaria de heroínas, que marcaram presença feminista
no cenário local e nacional.
Referência Bibliográfica:
Jornal
o Libertador, edições: 11 e 12, 1883, p.14.
Revista
do Instituto do Ceará, vol.32 cite 355,1956.
Paschen
Schimmepfeng, Gisele. Maria Tomásia, o Amor a liberdade, Fortaleza, editora
Henriqueta Galeno, 1980.
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