Não existem documentos ou fontes documentais sobre a existência de quantas etnias havia nem a quantidade de índios presentes nas terras cearenses, antes da chegada do primeiro europeu a pisar na praia do Mucuripe em 1 de janeiro de 1500. As etnias nativas foram sofrendo um lento genocídio praticado pelos colonizadores europeus e depois pelos próprios brasileiros. As etnias que conseguiram sobreviver até hoje, ainda são vítimas de preconceito e discriminação por parte dos seus colonizadores.
Outro fator preponderante para o extermínio cultural dos índios foi à catequização realizada pelos jesuítas. O contato permanente com a civilização fez com que eles perdessem traços de sua cultura e foram se miscigenando com os colonizadores brancos.
Os índios cearenses tiveram sua extinção decretada em 9 de outubro de 1863 pelo governador da província, José Bento da Cunha Figueiredo Júnior, através de um decreto provincial declarando a extinção oficial dos índios e quem quer que fosse declarado descendentes dos mesmos. Isto levou muitos índios a esconderem suas origens e de suas futuras gerações, com isso suas identificações ficaram desconhecidas nos registros antropológicos.
Com a criação do SPI (Serviço de Proteção ao Índio) criado no governo de Getulio Vargas, depois denominada de FUNAI (Fundação Nacional dos Índios) e seu trabalho em defesa dos povos indígenas nacional, juntamente com a Igreja católica através da pastoral indígenas, surgiram na década de 80 estudos antropológicos comprovando a existência de etnias indígenas nas terras cearenses. A primeira delas a ser identificada foram a etnias dos remanescentes dos índios Tapeba, localizada no município de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza que se originou de um aldeamento em meados de 1741. Depois outras etnias buscaram o reconhecimento de suas identidades étnicas e a posse do seu território desapropriada pelo governo provincial.
Atualmente as etnias cearenses estão se articulando, e graça a seus esforços estão conseguindo o reconhecimento, a demarcação de suas terras e o respeito dos seus colonizadores, como os verdadeiros habitantes deste contingente latino americano.
No estado do Ceará existem mais de doze etnias indígenas oficialmente, e algumas em estudo antropológico, aguardando parecer da FUNAI, entre elas citamos:
1º- TAPEBA. MUNICÍPIO: Caucaia. POPULAÇÃO: 5.500 pessoas. SITUAÇÃO: Delimitadas e identificadas. Aguardando resposta da FUNAI.
2º- TREMEMBÉ. MUNICÍPIO: Itarema, Acaraú e Itapipoca: POPULAÇÃO: 4.820 pessoas. SITUAÇÃO: Indefinida.
3º- PITAGURY. MUNICÍPIO: Maracanaú e Pacatuba. POPULAÇÃO: 2.800 pessoas. SITUAÇÃO: Em processo de demarcação física, por parte da FUNAI.
4º-JENIPAPO-KENINDÉ. MUNICÍPIO: Aquiraz. POPULAÇÃO: 290 PESSOAS. SITUAÇÃO: Delineada e identificada, aguardando resposta por parte da FUNAI. Mas em contestação.
5º KANINDÉ. MUNICÍPIO: Aratuba e Canindé. POPULAÇÃO: 700 pessoas: SITUAÇÃO: Com visita preliminar, realizada pela FUNAI entre 2003-2004. Aguardando procedimentos inicias de fundamentação antropológica.
6º-POTYGUARA/POTIGUARA: MUNICÍPIO: Crateús, Monsenhor Tabosa, Novo Oriente e Tamboril: POPULAÇÃO: 1.000 pessoas: SITUAÇÃO: 1º Potyguara de Mundo Novo e Viração: realizado estudo de fundamentação, aguardando parecer; 2º POTIGUARA de Crateús e Novo Oriente: realizada visita preliminares pela FUNAI; 3º POTIGURA Nazário, Monte Nebo e São José: ainda não estudado pela FUNAI.
7º-TABAJARA: MUNICÍPIO: Crateús, Monsenhor Tabosa, Poranga, Quiterianópolis e Tamboril: FAMÍLIA: 559 pessoas. SITUAÇÃO; Com estudos preliminares feito pela FUNAI..
8º-KALABAÇO: MUNICÍPIO: Crateús e Poranga.família: 340 pessoas: SITAÇÃO: Com estudos preliminares realizado pela FUNAI em 2005,aguardando resultados.
9º-KARIRI: MUNICÍPIO: Crateús, Crato. POPULAÇÃO: 160 pessoas: SITUAÇÃO: Com visitas preliminares realizada recentemente pela FUNAI.
10º ANACÉ: MUNICÍPIO: São Gonçalo do Amarante e Caucaia. POPULAÇÃO: 1.270 pessoas: FAMÍLIAS: 380 Pessoas. SITAÇÃO: Esta etnia encontra-se a ser identificada pela FUNAI.
11º-GAVIÃO: MUNICÍPIO: Monsenhor Tabosa: POPULAÇÃO ESTIMADA: 190 pessoas; FAMÍLIA: 20 pessoas: SITUAÇÃO: Com visitas realizadas pelo departamento de Antropologia da FUNAI.
12º: TAPIBA/TAPUIA: MUNICÍPIO: Monsenhor Tabosa. FAMILIA: 30 pessoas. SITUAÇÃO: Estudos feitos de fundamentação, aguardado parecer da FUNAI.
Fontes: Povos indígenas no Ceará: organização, memória e luta da cultura cearense, do Centro do Dragão do Mar de Arte e Cultura/2008. Centro de Preservação e Memória Historiador Antonio Bezerra.
Valentim Santos
Professor, Historiador e Sociólogo
OS ÍNDIOS
ResponderExcluirAntes da chegada dos europeus, os índios "cearenses" organizavam-se em pequenas comunidades, sem propriedade privada dos meios de produção, sob a forma patriacal. A divisão do trabalho era essencialmente natural, por sexo e idade. A distribuição da produção era coletiva, ocorria de acordo com as necessidades individuais. Nessas condições, é fácil concluir que os laços de cooperação e solidariedade eram fortes entre os membros da comunidade. FONTE: História do ceará, um resumo. Prof. Aristídes Braga Neto.
Professora Vanda Freitas